Os Coen são os cineastas da moralidade. Moralidade através do estranhamento. Moralidade através da tragédia.
Quando trabalham nessa chave, realizam filmes memoráveis como “Gosto de Sangue”, “O Homem Que Não Estava Lá”, “Fargo”, “Um Homem Sério”, “Barton Fink” e, em especial, “Onde Os Fracos Não Tem Vez”.
Além disso, prezam a estética como poucos. Prezam a estética em favor do retrato moral.
São raros seus deslizes ou equívocos.
Sua ultima produção “Bravura Indômita”, no entanto, não é tanto um deslize, pois bem realizado, mas é definitivamente um equívoco.
Posso estar enganado, mas tenho quase certeza que esta é a primeira re-filmagem que realizam.
Adaptação do longa de mesmo titulo, do diretor Henry Hathaway, o filme dos Coen não mostra ao que veio.
Para aqueles que não tenham assistido ao original, de 1969, o “Bravura Indômita” dos irmãos pode aparecer como uma bela história bem realizada, sobre uma garota determinada em vingar a morte do pai, descobrindo, por fim, que bem algum fora tirado dessa vingança.
E é exatamente isso que o filme dos Coen é, assim como o é a produção de 69.
O que quero dizer é que essa refilmagem não traz nada de novo em relação ao seu original, seja no campo simbólico da moral, seja puramente na história narrada.
A não ser pelas atuações, que conseguem sair da sombra dos atores do original, em especial o destaque de Jeff Bridges, em relação ao John Wayne, a concepção do filme não tem nenhum sentido prático, a não ser fazer-se mais um filme Hollywoodiano nas prateleiras.
Sou grande admirador do cinema dos Coen, mas como toda carreira, a deles também tem seus percalços, num primeiro momento, o horrível “Matadores de Velhinha” e agora “Bravura Indômita” que, não me entenda mal, não é um mau filme, apenas não tem um propósito em existir.
Indicações
Melhor Filme
Melhor Direção – Joel e Ethan Coen
Melhor Ator – Jeff Bridges
Melhor Atriz Coadjuvante – Hailee Steinfeld
Melhor Roteiro Adaptado
Melhor Fotografia
Melhor Direção de Arte
Melhor Figurino
Melhor Edição de Som
Melhor Mixagem de Som
Chances no Oscar
Bem, sem dúvidas, por tudo que disse acima, acredito que o filme não se destacara na categoria de melhor filme, enquanto que, em direção, os Coen tiveram seus anos, com melhores filmes.
Fotografia, a prévia dada por outras premiações mostra que “Bravura” não vem com muita força.
Quanto as atuações, Bridges tem um Oscar muito recente em sua prateleira e esse é o ano de Colin Firth enquanto que Hailee, bem, tem que esperar mais alguns anos.
No resto das categorias, técnicas, tudo que eu disser será no chutomêtro. Palpito que tenha boas chances em Arte e em Figurino.
Roteiro Adaptado é outro prêmio que passa longe de suas mãos.
Enfim, tem grandes chances de sair sem nada.
2 comentários:
Assisti dias desses o True Grit original,com o John Wayne fazendo um Rooster Cogburn ranheta,beberrão mas adorável.A menina também em grande desempenho e um filme que ficou na minha lembrança,pois assisti quando era criança.
Fábio Zen
Voltando depois de assistir a versão 2010. Bem, o que posso corrigir a respeito de meu comentário anterior é que esse True Grit traz uma Mathie Ross mais encantadora em sua rabugice, a menina da vez domina cada uma das cenas que participa, inclusive sobrepondo-se ao veterano Bridges,caricato demais como Rooster Cogburn, e também à Matt Dammon,em boa interpretação.Embora inferior ao primeiro, aliás talvez comparação um pouco desleal na minha opinião, visto que o primeiro já saía com a enorme vantagem de ter John Wayne e ele não ter de fazer força para ser o Marshall Cogburn,pois qualquer papel em que o protagonista tivesse que andar cavalo e dar tiros ,o personagem se moldava a Wayne e não o contrário. Então talvez aí o fator para quem procure um eixo para medir um com o outro. Mas como o cinema nos faz sonhar, fico imaginando O Cogburn Wayne junto com essa pirralha de agora. Abraço Matheus.
Fábio
Postar um comentário