10 março, 2010

Bukowski


A referencia da América suja. A verdadeira face da América. O velho safado. Descrito, na década de 70 por Sartre, como “o maior poeta vivo”.

Tantas são as nomeações. Ainda assim, por qualquer uma que se enuncie sua figura, sabemos de quem se trata. O velho Buk. Bukowski.

Há muito estou pra escrever a respeito dele. O grande problema é que é uma figura tão conhecida e alguem que já foi tão explorado em textos de analise, em referencias, e em apologias que é quase impossível conseguir divagar sobre o tão conhecido sem cair no comum.

Mas as qualidades estão na forma de enunciação – correto ? – .

Bem como diria Bukowski: foda-se, vou escrever assim mesmo!

 –  essa não! já to caindo no lugar comum dos textos bukowskianos; a repetição exaustiva de palavrões  –

Seja como for.

Se Bukowski carrega tantas classificações, se seu nome evoca um turbilhão infindável de clichês estereotipados, se a leitura de seus livros é abarrotada de pré-conceitos por aqueles que ainda não o leram, entre outras tantas coisas, é porque uma coisa é certa: algo de bom há.

No sentido pragmático de que há de ser bom pra causar efeito sei que alguns frankfurtianos discordariam de mim – ignoro –.

Pai azarão e piedoso do vernáculo marginal, Bukowski reclama os direitos do sub-mundo.

Suas palavras não são criticas. Seus relatos não são ideológicos. Seus livros não são panfletagens política.

O reclamar de direitos feito por Bukowski é fruto de um amargo humor. Sabor terrível que a vida lhe impôs. A America foi o pano de fundo e pagou o pato.

Ele não reclama seus direitos à uma ordem vigente concreta e especifica. Ele nem faz esse reclame de forma explicita.

As maldições que Bukowski prega é à quem bem servir. É à fortuna maquiavélica que tão mal lhe serviu.

Ou talvez lhe falte virtú.  

De qualquer jeito, essa figura que tem tanto desprezo por tudo e por todos inclusive, num lugar mais profundo, por si mesmo, não age assim de má fé. Bukowski próprio dizia – tinha um desprezo pelo miserável especifico mas simpatia pela figura do miserável. –

Ele é afetado empaticamente pelo trabalhador explorado, pela velha prostituta e pelo bêbado desempregado. Ai ele simpatiza – com as figuras dessa gente –. Seu verdadeiro problema é conhecer a pessoa em si. Ai vem o desprezo.

É ambíguo e difícil de compreender. Ainda assim, fácil. Sim, é ambíguo.

A escrita é dilacerada. Digo num sentido poético. O que ele faz é poesia. Ele se vale da escrita formal e a dilacera. Mexe nas entranhas das palavras. Cria seu texto de corpo e alma. É humano. É verdadeiro.

São tantas observações e suposições possíveis em cima de Bukowski que não posso deixar de abrir esse parênteses e reconhecer a parcela de presunção que ha nisso tudo. Sem falar na margem de equívocos. Mas é como leio Bukowski e pronto.

Bukowski dizia saber escrever apenas ao som de musica clássica. Ouço Bowie enquanto escrevo sobre ele.

Ai me pergunto – sua mensagem se perdeu em algum lugar no meio do caminho ? – .

Novamente, os frankfurtianos diriam que sim –virou industria –.

Dos rumos que tomou, não tenho duvidas que Bukowski tenha virado mercadoria, mas acredito que suas palavras ainda refletem efeito e continuam retratando, de forma concreta e sensível ao leitor, a decadência do homem moderno, independente de ser marginalizado ou não.

Num sentido mais amplo, acho que o que Bukowski retrata é justamente as teorias frankfurtianas num alicerce empírico. Ai já é outra divagação que talvez não venha ao caso agora.

Seja como for, é o cara.

Podia apontar o contexto de vida de Bukowski e, subseqüente, as razoes de sua escrita. Podia, ainda, para aqueles que não o conhecem, falar de algumas de suas obras. Mas não. Escrevo mais para lembrar à mim mesmo o que penso de Bukowski. Ou talvez para formalizar esse pensamento.

Penso nas obras que li dele e em que níveis se assemelham e em que níveis se distinguem. Essencialmente trazem a mesma abordagem de mundo.

Um olhar perdido e sem esperanças frente a vida. Mas ha em sua obra um amadurecer.  Conforme o passar dos anos, a atitude de revolta vai sendo posta de lado e a rebelião contra o homem vai dando lugar à uma nostalgia inimaginável ante a lembrança de seus dias de gloria – por gloria me refiro a beber, arrumar brigas e ser demitido de uma serie de empregos –.

Bukowski amadurece. Lá pelas tantas – já na escrita de “O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio” ou “Pulp” – vemos uma maior tolerância com o mundo e com as pessoas.

Podem ver isso como o perder do espírito jovial. Eu vejo como nobreza.

23 comentários:

Kami disse...

Nossa, esse cara era foda mesmo. Contos obcenos, bebidas... Bah, ele é demais. Já virei fã!

OBS: Eu não conhecia ele antes de visitar o blog.
OBS²: Sim, eu procurei a biografia dele no google. ¬¬'

May Galdino disse...

Mt legal!
Finalmente um texto sobre ele!

http://maylopez.blogspot.com

Fábio Salses disse...

Embora pouco tenha lido do Bukowski,entendo o que ele representa para ti,deve ser algo semelhante ao fascinio que tenho pela obra do Henry Miller.Abrç!

Ana :DD disse...

Nossa, nunca tinha lido sobre ele, oq ue é uma pena, já que ele parece ser muito bom para voce.
Legal! =D


http://brigadeirocomlimao.blogspot.com/

Anônimo disse...

O Cara era Foda...
Nunca tinha ouvido falar dele, mas agora vou Pesquisar sobre ele, achei interessante !


ótimo seu Blog...

De uma passada no meu ...
http://igtruelovephotos.blogspot.com/

Walace disse...

Eu já tinha ouvido falar sobre ele más nunca tinha visto nada como ''prova'' se é que me entendem. Muito bom. :)

Unknown disse...

to com um livro pra ler dele agora...falaram que é demais...abraço

http://quemejoni.zip.net/

C & I disse...

Bem legal hein desse cara eu nao sabia,vou procurar masi sobre ele..

curti o blog hein vou voltar...masi vezes passa la no meu

http://contemporaneoeindiscreto.blogspot.com/

Pivetts disse...

ae mamalcom, bukowski é muito foda mesmo ;D

Macaco Pipi disse...

esse cara ja eraaaaaa

Anônimo disse...

errei de post, então, Bukowski conseguia no seu tempo e até hoje provocar, instigar as pessoas de forma genial e deveria ser obrigatório os adolescentes lerem no ensino médio, quem sabe assim despertassem pra esse e outros mundos literários.

Leonardo Pradella dos Santos disse...

estou acabando de ler o notas de um velho safado...
muito bom cara... perguntei a minha namorada que precisava ler algo bem cru, sem muitos rodeios que tirassem a essência da coisa. ela não titubeou em me indicar esse desgraçado hehehe
post muito bom
abç!

http://www.deixaajanelaaberta.blogspot.com/

Giovanni Hillebrand disse...

Não conhecia esse cara, mas agora vou até procurar mais sobre ele, parece bem interessante.

Um menino sonhador disse...

Ele é o cara. (y)

http://sonhadordeolhosabertos.blogspot.com/

Fabiano disse...

não conhecia a história do cara. interessante ao extremo. ja estou buscando mais informações na net. mto bom.

Macaco Pipi disse...

sou fã dele
é mestre
e ele é meu fã!

Marcus Vasconcelos disse...

Muito bom seu teste, ele realmente é um ícone de uma geração!

Parabens pelo blog

www.blogdomarcolinoo.blogspot.com

Lucas Peres disse...

This is the guy!


post informativo'

a maioria nem tinha ouvido falar dele...

o/

Anônimo disse...

Nossa um blog elitista a cada dia cada vez mais, diga-se de passagem, por isso seu conteúdp é tão intelectual que eu me vejo nele, espaço para leitores refinados, parabéns!

Davi disse...

EU NOVAMENTE CARA DA HORA O POST

Vítor Engel disse...

Não tem ninguém melhor que ele. hsushshsuas

http://logicadamente.blogspot.com/

Amanda Salvador disse...

teu blog é fantástico! Adoro o Bukowski, tenho livro dele e tal. Ele escreve de um jeito sujo sim, mas consegue ser excelente mesmo falando nada com nada as vezes. Teu blog é bom, você escreve bem pra caralho.

Daniel Silva disse...

grande mestre! tenho 10 livros dele, todos ótimos. os melhores são hollywood, numa fria, factótum e misto quente.