Viajem a Darjeeling. Quero escrever sobre o filme, mas pouco me lembro a seu respeito. Faz algum tempo desde que vi.
O que me traz a vontade de escrever então?
Algo pessoal.
Um apreço por filmes do gênero.
Situações limites onde – por fatores externos – pessoas estão presas umas as outras. Gosto de ver isso na tela. Especialmente porque numa situação dessas, conflitos irão surgir e essas pessoas não terão como fugir deles, terão de resolve-los – pra bem ou pra mal –.
É isso que acontece em Darjeeling, na Índia. Por onde três irmãos americanos decidem viajar de trem, após um ano sem se falarem.
Longe do conforto de casa. Cada um desses irmãos se tira do ambiente calmo e seguro de seus lares pra enfrentar o vazio da relação entre eles. Não havia discussões nem problemas, justamente porque não se falavam. Decidem viajar juntos pela Índia, então.
Ao final do filme estarão novamente nos EUA, mas a relação terá mudado. O ponto inicial e o ponto final do filme se dão no mesmo espaço, com abalos causados pelo trajeto – no entanto –.
A viajem à Darjeeling é uma viajem por entre conflitos à serem resolvidos. De uma beleza antológica, os planos de Wes Anderson, diretor, – em especial as panorâmicas – contemplam o desenrolar dessa relação em progresso.
O trem é símbolo desse processo. Enquanto viaja, conflitos surgem da claustrofóbica cabine que acomoda os três. O trem não pode parar. Estão presos então, entre eles.
Num aspecto mais amplo – no que tange uma universalidade da trama a partir de uma historia particular – é o trem, objeto que fere uma relação simbólica com a instituição familiar.
De uma maneira ou de outra estaremos sempre ligados àqueles que estiveram conosco por grande parte de nossa vida e, após o amadurecimento e o despontar para a vida adulta, não será esse distanciamento espacial que rompera com essa relação enraizada no cerne estrutural de nossa existência.
O trem em Darjeeling é essa raiz à que se está preso – ainda que pareça uma palavra forte demais, a uso num bom sentido –. Se em viajem pela vida, não resolvermos nossos conflitos dentro dessa estrutura básica – a família – nunca teremos paz. É de certa forma o que propõe o filme.
Mais do que isso, a resolução do distanciamento entre os irmãos reflete um processo de libertação pessoal através do autoconhecimento reconhecido na figura do outro que é tão próximo.
A câmera de Anderson é instrumento fundamental para o desenvolvimento tão harmônico desse ponto de vista. Ele contempla a relação familiar sob uma perspectiva adequada ao tom dramático de cada momento.
Sempre nos instantes que antecedem o surgimento de conflitos e discussões, o ambiente é claustrofóbico e o plano é limitado por paredes apertadas.
Já nos momentos de entendimento – em especial ao fim do filme –, panorâmicas capturam a libertação pessoal de cada um – dada a resolução dos conflitos entre eles –, em meio a cenários externos, amplos e infinitos.
É de beleza representativa inigualável, o momento em que – após a resolução de todos seus conflitos – os irmãos correm ao alcance do trem que tinham que pegar e ao correram vão se desfazendo de suas bagagens. O olhar da câmera ai é um olhar lento e contemplativo, que vai os acompanhado num movimento de dolly. Um atrás do outro, os três embarcam no trem. Livres do peso que carregavam.
Acho que – dado o pouco que me lembro do filme – é suficiente esse texto. Ainda assim, não posso deixar passar em branco a qualidade da trilha sonora que acompanha a viajem dos irmãos. Um embalo ao gosto pessoal – acredito – do diretor, que por assim dizer, tem muito bom gosto.
Viajem a Darjeeling revela um alto teor simbólico e remete a questão inerente à um repensar das estruturas que sustentam nossas relações mais fundamentais.
É basicamente isso que me lembro, o que me leva a pensar no que consiste o sucesso de um filme.
Uma lei geral não vem como algo final desse pensamento, à bem da verdade, concluo algo tão especifico que é único à esse próprio filme.
Viajem a Darjeeling é – pra mim – bem sucedido, por ter mantido em minha memória, já após algum tempo, a lembrança de sua beleza significativa.
16 comentários:
Esse filme é bem bacana, passa uma mensagem legal. O blog é muito bom.
senti vontade de ver o filme! será que tem pra download? vou caçar!
mee deu vontade de ver o filme também vou procurar sobre na net; parece ser bem interessante mesmo!
me segue?
Ahm, gostei tmb do filme...
Vou caçar, pra assistir :D
Beijinhos
---
www.jehjeh.com
Cara , você escreve muito bem
nossa, é que nao lembrava muiot bem hein?
boa sinopse! XD
parabens pelo blog .*
Cara, gostei muito do seu blog.
Sou fanático por cinema, adoro analisar filmes. tenho até um blog bem parecido com esse aqui.
Nunca vi esse filme, mas agora é como se eu tivesse visto, sua analise é muito boa, parabéns.
Se quiser me seguir,
tudorealidade.blogspot.com
Não vi mais depois de ler essa descrição vou ver heinn!
vou ver se acho em algum lugar essa semana.
boa indicação
otimo blog
passa no meu blz?
http://contemporaneoeindiscreto.blogspot.com/
vou seguir o seu!
legal a história.. vou assistir o filme..
http://analisefc.blogspot.com/
O filme parece ser legal, vou procurar ele aqui. Dá uma olhada no meu blog.
http://furianordestina.blogspot.com
Parece ser bom o filme cara e como voce disse no post que pela situaçao aaprece conflitos dos quais naum se da pra correr deixa ainda + interresante a trama deu voltande de assistir
eu não havia lido nada a respeito do filme. pelo pouco que lembrou me deu uma vontade enorme de sair agora e procurar no videolocadora, já que acessei um site de compras e ele não está disponível. sou viciado em filmes e tenho uma boa coleção. de qualquer forma foi excelente a dica.
http://blog-do-faibis.blogspot.com/
Nossa!
Ainda não assisti esse filme!
Todo mundo fala dele!
vo providencia assisti ele logo!
http://www.viciadoemfilme.blogspot.com/
Muito bommmmm!!!!
VOu procura este filme pra assistir!!!
conseguio um seguidor!!! muito bom blog!
Hank, i'm happy for you.
esse filme é show \o/
eu adoro...parabens pelo texto =]
passa no meu dps
http://stuffartie.blogspot.com
Postar um comentário