Ao meio de lugar algum, pelo deserto do Mojave, um pequeno café. Por ali, personagens tão distintos e improváveis, que surreais. Surreais como um Magritte.
E é a miséria da rotina que massacra o cotidiano de cada pobre alma que paira inerte sobre a imensidão arrastada de um deserto sem tempo.
Enquanto isso, ferve o sol que traz à mente a loucura. E a pele da negra louca é só suor e a mente é só desespero. E o resto é desamparo.
De onde quer que seja, da Alemanha, vem ao café uma senhora simpática, recém largada pelo marido, no meio da estrada no deserto do Mojave.
E como se fosse um bom filme, invés de uma bela história, uma negra, perdida em seu café ao meio do deserto, cercada de seus dois filhos, seu neto, e alguns hóspedes de seu hotel barato, encontra conforto na improvável estranha vinda de alguma parte da Europa.
E Bagdad Café é uma ilustração das relações humanas, em seu fragmento de mundo, em meio ao deserto do Mojave. E como é improvável o amparo que se encontra no outro quando a falta de perspectiva vai alem do horizonte de um deserto, e a mente ferve, solitária, sob o sol.
E Bagdad Café, em toda sua simplicidade, enigmático como um Magritte.
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